Satanás assumiu
a forma de serpente e entrou no Éden. A serpente era uma bela criatura com
asas, e quando voava pelos ares apresentava uma aparência brilhante, parecendo
ouro polido. Ela não andava sobre o chão, mas ia de uma árvore a outra pelo ar
e comia frutos como o homem. Satanás entrou na serpente e tomou sua posição na
árvore do conhecimento e começou vagarosamente a comer do fruto.
Eva, a princípio
inconscientemente, absorvida em suas ocupações separou-se do marido. Quando
percebeu o fato, sentiu a apreensão do perigo, mas de novo imaginou estar
segura, mesmo não estando ao lado do marido. Tinha sabedoria e força
suficientes para discernir o mal e resistir-lhe. Os anjos haviam-na advertido
para que não fizesse isso. Eva logo se achou a contemplar com um misto de
curiosidade e admiração a árvore proibida. Viu que o fruto era muito belo, e pensava
consigo mesma porque DEUS decidira proibi-los de comê-lo ou tocar nele. Era
então a oportunidade de Satanás. Dirigiu-se a ela como se fosse capaz de adivinhar
seus pensamentos: “É assim que DEUS disse: Não comereis de toda a árvore do
jardim?” Assim, com palavras suaves e aprazíveis, e com voz musical, dirigiu-se
à maravilhada Eva. Ela se sobressaltou ao ouvir uma serpente falar. Esta
exaltava sua beleza e excessivo encanto, o que não lhe desagradava. Mas Eva
estava espantada, pois sabia que DEUS não tinha conferido à serpente o poder da
fala. A curiosidade de Eva aumentou. Em vez de escapar do local, ficou ouvindo
a serpente falar. Não ocorreu à sua mente que este pudesse ser o inimigo
decaído, usando a serpente como médium. Era Satanás quem falava, não a
serpente. Eva estava encantada, lisonjeada, enfatuada. Tivesse encontrado uma
personagem autoritária, possuindo uma forma semelhante à dos anjos e a eles se
parecendo, teria ela se colocado em guarda. Mas essa estranha voz devia tê-la
impelido para junto de seu marido, a fim de perguntar-lhe por que outro podia
assim livremente dirigir-se a ela. Mas entrou em controvérsia com a serpente.
Respondeu a sua pergunta: “Do fruto das árvores do jardim comeremos,
mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse DEUS: não comereis
dele, nem nele tocareis, para que não morrais.” Então a serpente disse
à mulher: “Certamente não morrereis. Porque DEUS sabe que
no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como DEUS,
sabendo o bem e o mal.”
Satanás desejava infundir a ideia de que pelo comer da árvore proibida eles receberiam uma nova e mais nobre espécie de conhecimento do que até então tinham alcançado. Este tem sido seu trabalho especial, com grande sucesso, desde a queda — levar o homem a forçar a porta dos segredos do TODO-PODEROSO e a não estar satisfeito com o que DEUS tem revelado, e não cuidar de Obedecer ao que ELE tem ordenado. Gostaria de levá-los a desobedecer aos Mandamentos de DEUS, e então fazê-los crer que estão entrando num maravilhoso campo de saber. Isto é pura suposição, e um miserável logro. Eles deixam de compreender o que DEUS tem revelado, menosprezam SEUS explícitos Mandamentos e aspiram a mais sabedoria, independente de DEUS, e procuram compreender aquilo que Lhe aprouve reter dos mortais. Exultam com suas ideias de progresso e se encantam com sua própria vã filosofia, mas apalpam trevas de meia-noite quanto ao Verdadeiro Conhecimento. Estão sempre estudando e nunca são capazes de chegar ao Conhecimento da Verdade.
Não era da Vontade de DEUS que este santo par tivesse qualquer conhecimento do mal. Dera-lhes livremente o bem, mas retivera o mal. Eva julgou sábias as palavras da astuta serpente quando ouviu a audaciosa asserção: “É certo que não morrereis. Porque DEUS sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal” — fazendo de DEUS um mentiroso. Satanás insinuou insolentemente que DEUS os tinha enganado impedindo que fossem exaltados com um conhecimento igual ao seu próprio. DEUS disse: “Se dela comeres, certamente morrerás.” A serpente disse: “É certo que não morrereis.”
O tentador assegurou a Eva que
tão logo comesse o fruto ela receberia um novo e superior conhecimento que a
faria igual a DEUS. Chamou sua atenção para si mesmo. Ele comera livremente da
árvore e a achara não apenas perfeitamente inofensiva mas deliciosa e
estimulante, e disse-lhe que era por causa de suas maravilhosas propriedades de
comunicar a sabedoria e o poder que DEUS lhes tinha proibido experimentá-la ou
mesmo tocá-la, pois Ele conhecia estas maravilhosas qualidades. Declarou que
ter comido o fruto da árvore proibida era a razão de ter obtido o dom da fala.
Ele insinuou que DEUS não levaria a cabo Sua advertência. Isto era meramente
uma ameaça para intimidá-los e privá-los do grande bem. Disse-lhes mais que não
poderiam morrer. Não tinham comido da árvore da vida que perpetuava a
imortalidade? Disse que DEUS os estava enganando e privando-os de um mais
elevado estado de felicidade e mais exaltada alegria. O tentador colheu um
fruto e passou-o a Eva. Ela o tomou nas mãos. Ora, disse o tentador, vocês
foram proibidos até mesmo de tocá-lo pois morreriam. Não observariam maior
sensação de perigo e morte comendo o fruto, declarou ele, do que nele tocando ou
manuseando-o. Eva foi encorajada pois não sentia os sinais imediatos do
desagrado de DEUS. Pensou que as palavras do tentador eram de todo sábias e
corretas. Comeu, e ficou encantada com o fruto. Ele pareceu delicioso ao
paladar, e ela imaginava sentir em si mesma os maravilhosos efeitos do fruto.
Eva
torna-se tentadora
Ela então colheu
para si do fruto e comeu, e imaginou sentir o excitante poder de uma nova e
elevada existência como resultado da exaltadora influência do fruto proibido.
Em um estado de excitação estranha e fora do natural, com as mãos cheias do
fruto proibido, procurou o marido. Relatou-lhe o sábio discurso da serpente e
desejava conduzi-lo imediatamente à árvore do conhecimento. Disse-lhe que havia
comido do fruto, e em vez de experimentar qualquer sensação de morte, sentia
uma agradável e exaltadora influência. Tão logo Eva desobedeceu tornou-se um
poderoso agente para ocasionar a ruína do esposo. A tristeza sobreveio ao rosto
de Adão. Mostrou-se atônito e alarmado. Uma luta parecia estar sendo travada em
sua mente. Disse a Eva que estava bem certo tratar-se do inimigo contra quem
haviam sido advertidos; e se assim fosse, ela devia morrer. Ela assegurou-lhe
que não estava sentindo nenhum mau efeito, mas ao contrário, uma influência
muito agradável, e insistiu com ele para que comesse. Adão compreendeu muito
bem que sua companheira transgredira a única proibição a eles imposta como
prova de sua fidelidade e amor. Eva arrazoou que a serpente dissera que
certamente não morreriam, e que suas palavras tinham de ser verdadeiras, pois
não sentia qualquer sinal do desagrado de DEUS, mas uma agradável influência,
como imaginava que os anjos sentiam. Adão lamentou por Eva ter deixado o seu
lado, agora, porém, a ação estava praticada. Devia separar-se daquela cuja
companhia ele tanto amara. Como podia suportar isso? Seu amor por Eva era muito
grande. Em completo desencorajamento resolveu partilhar a sua sorte. Raciocinou
que Eva era uma parte dele, se ela devia morrer, com ela morreria ele, pois não
podia suportar a ideia da separação. Faltou-lhe fé em seu Misericordioso e
Benevolente CRIADOR. Não compreendia que DEUS, que do pó da terra o havia
criado, como um ser vivo e belo, e tinha Criado Eva para ser sua companheira,
poderia suprir seu lugar. Afinal, não poderiam ser verdadeiras as palavras da
serpente? Eva estava diante dele, tão bela, e aparentemente tão inocente como
antes deste ato de desobediência. Exprimia maior amor para com ele do que antes
de sua desobediência, com os efeitos do fruto que tinha comido. Não viu nela
nenhum sinal de morte. Ela lhe havia contado da feliz influência do fruto, de
seu ardente amor por ele, e decidiu afrontar as consequências. Tomou o fruto e
comeu rapidamente, e como ocorreu com Eva, não sentiu imediatamente seus maus
efeitos.
Eva pensava ter
capacidade própria para decidir entre o certo e o errado. A enganadora
esperança de entrada num mais elevado estado de conhecimento levou-a a pensar
que a serpente era um amigo especial, que tinha grande interesse em sua
prosperidade. Tivesse procurado o marido,
e ambos relatado ao SEU CRIADOR as palavras da serpente e teriam sido
imediatamente livrados de sua astuciosa tentação. O SENHOR não desejava que
investigassem o fruto da árvore do conhecimento, porque então seriam expostos
ao embuste de Satanás. Sabia que eles estariam perfeitamente a salvo se não
tocassem no fruto.
A livre escolha do homem
DEUS instruíra nossos
primeiros pais quanto Árvore do Conhecimento, e eles foram plenamente
informados da queda de Satanás, e do perigo de ouvirem as suas sugestões. Ele
não os privou da faculdade de comerem do fruto proibido. Deixou que como agentes
morais livres cressem na SUA PALAVRA, Obedecessem a SEUS Mandamentos e
vivessem, ou cressem no tentador, desobedecessem e morressem. Ambos comeram, e
a grande sabedoria que obtiveram foi o conhecimento do pecado e o senso de
culpa. A veste de luz que os rodeara, agora desapareceu, e sob um senso de
culpa e a perda de sua divina cobertura, um tremor tomou posse deles, e
procuraram cobrir suas formas expostas.
Nossos primeiros
pais escolheram crer nas palavras, como pensavam, de uma serpente, ainda que
esta não tivesse dado nenhuma prova de seu amor. Nada tinha feito para sua
felicidade e benefício, enquanto DEUS lhes tinha dado todas as coisas que eram
boas para comer e agradáveis à vista. Em qualquer lugar que a vista repousasse
havia abundância e beleza; ainda assim Eva foi iludida pela serpente, a pensar
que existia alguma coisa oculta que podia fazê-la sábia, como o próprio DEUS.
Em vez de Crer e Confiar em DEUS, ela vilmente descreu de SUA Bondade e acatou
as palavras de Satanás.
Depois de sua
transgressão, Adão a princípio imaginou-se a entrar para uma nova e mais
elevada existência. Mas logo o pensamento de seu pecado o encheu de terror. O
ar que até então havia sido de uma temperatura amena e uniforme, parecia
regelá-los. O culposo par experimentava uma intuição de pecado. Sentiam um
terror pelo futuro, uma sensação de necessidade, uma nudez de alma.
Desapareceram o doce amor e a paz e feliz contentamento que haviam gozado, e em
seu lugar veio uma sensação de carência que nunca tinham experimentado antes.
Pela vez primeira puseram sua atenção no exterior. Eles não tinham estado
vestidos, mas rodeados de luz como os Anjos Celestiais. Esta luz com a qual
estavam circundados tinha sido retirada. Para aliviar o senso de carência e
nudez que experimentavam, trataram de procurar uma cobertura para suas formas,
pois como podiam, desvestidos, defrontar o olhar de DEUS e dos Anjos? Seu crime
está agora diante deles em sua verdadeira luz. Sua transgressão do expresso
Mandamento de DEUS assume um caráter mais claro. Adão censurara a Eva por sua
insensatez em sair de seu lado, e deixar-se enganar pela serpente. Mas ambos
procuravam tranquilizar-se de que DEUS, que lhes tinha dado todas as coisas
para fazê-los felizes, perdoaria esta transgressão devido a Seu grande amor por
eles e que o castigo não seria afinal tão terrível.
Satanás exultou
com seu êxito. Tinha agora tentado a mulher a desconfiar de DEUS, a duvidar de
Sua sabedoria, e a procurar penetrar em Seus oniscientes planos. E por seu
intermédio ele também causou a ruína de Adão, que, em consequência de seu amor
por Eva, desobedeceu ao Mandado de DEUS e caiu com ela.
As novas da
queda do homem se espalharam através do Céu. Toda harpa emudeceu. Os Anjos com
tristeza arremessaram da cabeça as suas coroas. Todo o Céu estava em agitação.
Os anjos sentiram-se magoados com a vil ingratidão do homem em retribuição da
rica generosidade que DEUS proporcionara. Um concílio foi convocado para
decidir o que se deveria fazer com o par culpado. Os Anjos temiam que eles estendessem
as mãos e comessem da Árvore da Vida, tornando-se pecadores imortais.
O SENHOR visitou
Adão e Eva, e tornou conhecidas as consequências de sua transgressão. Em sua
inocência e santidade tinham eles alegremente recebido a majestosa aproximação
de DEUS, mas agora escondiam-se de Sua inspeção. Mas “chamou o SENHOR DEUS a
Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a Tua voz soar no jardim, e
temi porque estava nu, e escondi-me. E DEUS disse: Quem te mostrou que estavas
nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?” Esta pergunta foi
formulada pelo SENHOR, não porque Ele necessitasse de informação, mas para
fixar a responsabilidade do culpado par. Que fizeste para te tornares
envergonhado e com medo? Adão reconheceu sua transgressão, não porque estivesse
arrependido de sua “Grande Desobediência”, mas
para lançar censura a DEUS: “A mulher que me
deste por companheira, ela me deu da árvore, e eu comi.” Quando foi perguntado
à mulher: “Por que fizeste isto?” ela respondeu: “A serpente me enganou, e eu
comi.”
A maldição
O SENHOR então dirigiu-se à serpente: “Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a besta, e mais que todos os animais do campo: sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida.” Como a serpente tinha sido exaltada acima de todas as bestas do campo, seria agora degradada abaixo de todas elas e odiada pelo homem, porquanto fora o agente pelo qual Satanás agira. A Adão disse o SENHOR: “Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela; maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó, e em pó te tornarás.”
DEUS amaldiçoou
a terra por causa do pecado de Adão e Eva em comer da Árvore do Conhecimento e
Declarou: “Com dor comerás dela todos os dias da tua vida.” DEUS tinha
partilhado com eles o bem, mas retido o mal. Agora declara que comerão dele,
isto é, devem ser relacionados com o mal todos os dias de sua vida.
Daquele tempo em
diante o gênero humano seria afligido pelas tentações de Satanás. Uma vida de
perpétua labuta e ansiedade foi designada a Adão, em vez do alegre e feliz
labor que tivera até então gozado. Estariam sujeitos ao desapontamento,
pesares, dor, e finalmente à morte. Foram feitos do pó da terra, e ao pó deviam
voltar.
Foram informados
de que teriam que perder seu lar edênico. Tinham cedido aos enganos de Satanás
e crido em suas palavras de que DEUS mentira. Pela sua transgressão tinham
aberto o caminho para Satanás ganhar mais fácil acesso a eles, e não era seguro
permanecer no Jardim do Éden, pois em seu estado pecaminoso poderiam ter acesso
à Árvore da Vida e perpetuar uma vida de pecados. Suplicaram que lhes fosse
permitido permanecer, embora reconhecessem terem perdido todo o direito ao
abençoado Éden. Prometeram que no futuro renderiam implícita Obediência a DEUS.
Foi-lhes dito que de sua queda da inocência para a culpa tinha resultado não
força, mas grande fraqueza. Não tinham preservado a integridade de quando
viviam no estado de santa e feliz inocência, e agora em estado de culpa
consciente tinham menos poder para permanecer Verdadeiros e Leais. Ficaram
cheios da mais penetrante angústia e remorso, e agora sentiram que o castigo do
pecado era a morte.
Anjos foram
imediatamente comissionados para guardarem o caminho da Árvore da Vida. Era
estudado plano de Satanás que Adão e Eva desobedecessem a DEUS, recebessem Sua
desaprovação, e então participassem da Árvore da Vida de modo que perpetuassem
uma vida de pecado. Mas, Santos Anjos foram enviados para vigiar o caminho da
Árvore da Vida. Em redor desses Anjos chamejavam raios de luz, tendo a
aparência de espadas inflamadas.
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